Ciência: Instituto de Botânica extrai do capim-favorito açúcar especial para diabéticos

Betaglucano tem efeito benéfico adicional: diminui a quantidade de glicose na corrente sangüínea

ter, 15/02/2005 - 15h13 | Do Portal do Governo

Caiu um dogma. Não se pode mais dizer que os diabéticos devem ficar longe de qualquer tipo de açúcar. Devem, sim, ficar longe dos açúcares que atravessam rapidamente as paredes do intestino e se acumulam no sangue como a glicose, molécula essencial para qualquer organismo produzir a energia necessária para se manter.

Pesquisadores do Instituto de Botânica de São Paulo e da Universidade Federal de Lavras (MG) extraíram do capim-favorito – uma gramínea que cresce à beira de estradas – um tipo específico de açúcar chamado betaglucano, que pode ter um efeito benéfico: diminuir a quantidade de glicose da corrente sangüínea, como demonstraram experimentos realizados com ratos.

O excesso de glicose no sangue, uma característica do diabetes, pode levar à dificuldade de cicatrização, à cegueira ou mesmo a problemas cardíacos que, se não detidos, conduzem ao infarto.

Estudos feitos no Canadá, Suíça, França, Suécia e Japão com grupos de voluntários humanos consideram esse açúcar como um recurso a mais para tratar um problema que atinge 150 milhões de pessoas no mundo inteiro, 10 milhões só no Brasil.

Uma equipe de suíços já havia comprovado que o betaglucano, mesmo em concentrações baixas, reduz até 50% a taxa de glicose no sangue, a chamada glicemia. Além disso, bastariam 3 gramas diários desse açúcar para derrubar também o colesterol ligado a lipoproteínas de baixa densidade (LDL), uma espécie de gordura que promove a formação de placas nas paredes dos vasos e dificulta a circulação do sangue.

Na França, um estudo recente confirmou esses ganhos com 13 portadores de diabetes do tipo 2, quando o organismo não aproveita totalmente a insulina que produz, enquanto no Canadá outro trabalho com 16 diabéticos também do tipo 2 (dez homens e seis mulheres) evidenciou o valor de uma dieta rica em cereais como forma de reduzir a glicemia – provavelmente porque os cereais contêm betaglucano.

Clique aqui para ler o texto completo da reportagem da edição 108 da Revista Pesquisa FAPESP.

(LRK)