Cesta básica: Pesquisa do Procon aponta queda de 3,69% em janeiro

Dos 31 produtos pesquisados, 5 apresentaram alta, 19 diminuíram de preço e 7 permaneceram estáveis

sex, 04/02/2005 - 15h10 | Do Portal do Governo

No mês de janeiro de 2005, o valor da cesta básica do paulistano apresentou queda de 3,69%, revela pesquisa do Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania, em convênio com o Dieese. O preço médio da cesta, que no dia 29/12/04 era de R$ 217,48 passou para R$ 209,45 em 31/1/05. Por grupo, foram constatadas as seguintes variações: alimentação, -4,04%, limpeza, -0,64% e higiene pessoal, -4,27%. A variação no ano é de 3,69% (base 29/12/04), e nos últimos 12 meses, de 2,08 (base 30/1/04).

Dos 31 produtos pesquisados, na variação mensal, 5 apresentaram alta, 19 diminuíram de preço e 7 permaneceram estáveis.

O grupo Higiene Pessoal foi o que registrou a maior variação negativa (4,27%). Dentre os produtos que compõem o grupo, o creme dental (tubo 90 g) foi o que registrou a maior queda de preço (6,54%), tomando-se como base o dia 29/12/04.

Dentre os produtos do grupo Alimentação, destacamos a carne de primeira (kg), que registrou queda de 11,21%; o frango resfriado inteiro (kg), que registrou queda de 10,74%; o alho (kg), que registrou queda de 9,71%; a cebola (kg), que registrou queda de 9,68% e a carne de segunda sem osso (kg), que registrou queda de 7,56%.

A maioria desses produtos apresentou, em janeiro de 2005, o mesmo comportamento verificado em janeiro de 2004, com variações negativas de preço em relação ao mês anterior.

Destaque também para o arroz tipo 2 (pacote de 5 kg), que apresentou queda de 6,98%. Apesar de não figurar entre as maiores quedas, está entre os produtos que mais pressionaram a baixa, considerando seu peso na cesta.

Convém ressaltar o item com maior variação positiva do grupo Alimentação em janeiro deste ano. A batata (kg) apresentou aumento de 31,58%, superior à maior variação positiva do produto registrada em 2004, que foi de 30,85%, em abril.

É importante salientar que os aumentos ou quedas de preço dos produtos que compõem a cesta básica nem sempre estão atrelados a algum desequilíbrio entre oferta e demanda, motivado por razões internas (quebras de safra, política de preços mínimos aos produtores, conjuntura econômica do país, etc.) ou por razões externas (mudanças no cenário internacional, restrições políticas ou sanitárias às importações brasileiras, etc.). As alterações de
preços, especialmente as de pequena magnitude, podem refletir tão somente procedimentos adotados por determinados supermercados da amostra, seja para estimular a concorrência, para se destacar em algum segmento, ou simplesmente para ‘desovar’ estoques através do rebaixamento temporário dos preços.

A análise a seguir pretende focalizar, dentre os produtos com maior participação na variação do valor médio da cesta básica deste mês, aqueles cuja oferta e demanda estejam sendo influenciados por fatores macroeconômicos.

Carne bovina

A carne bovina apresentou queda de preço em janeiro. O enfraquecimento do dólar frente ao real é apontado pelos frigoríficos como o responsável pela queda do preço do boi no mercado interno, desde meados de dezembro. Segundo especialistas do setor, o atual patamar do dólar inviabiliza a exportação
de cortes menos nobres, provocando um aumento da oferta no mercado interno.

A lentidão nas exportações, a maior oferta de animais por causa da safra e a fraca demanda interna – devido ao período de férias – são os principais fatores que pressionam os preços para baixo.

Frango

O Brasil aumentou a produção de frango, em grande parte devido ao avanço das exportações brasileiras em 2004; exportações essas que foram estimuladas pela epidemia de influenza aviária (gripe do frango) em países concorrentes do Brasil no mercado internacional.

Os exportadores brasileiros de frango devem começar, dentro de pouco tempo, a fechar os primeiros negócios com o mercado chinês.

A retomada da economia em 2004, principalmente no segundo semestre, fez o consumo per capita de carne de frango recuperar-se. Neste início de ano, no entanto, como já era de se esperar, houve um enfraquecimento da demanda interna, influenciado pelas férias.

Os problemas climáticos, com o excesso de chuvas nas principais regiões produtoras do Estado, dificultando o escoamento da produção, ainda não teve reflexos na oferta do produto ao consumidor final. O mercado interno encontra-se bem abastecido, com oferta superior à demanda.

Cebola

A cebola apresentou importantes aumentos de preço ao longo do ano passado.

As maiores variações positivas, na cesta básica, concentraram-se entre os meses de maio e julho. A cebola foi, ainda, um dos vilões da elevação do Índice Geral de Preços (IGP-10) de setembro.

Neste início de ano, verifica-se queda de preço. Praticamente a mesma queda apontada em janeiro de 2004, graças à boa safra nas principais regiões produtoras, notadamente Ituporanga em Santa Catarina, maior produtor de cebola do Brasil.

A colheita iniciada em novembro/04 vem abastecendo satisfatoriamente o mercado interno e a já mencionada redução da demanda interna também contribui para a queda dos preços.

Arroz

A pouco mais de um mês para o início da colheita da safra de arroz, os produtores do Rio Grande do Sul estão preocupados. A estiagem, embora ainda não esteja causando prejuízos à produção de arroz, põe em alerta os agricultores. A redução do nível dos reservatórios prejudica o rendimento dos sistemas de irrigação e dificulta a manutenção do volume correto de água.

A oferta do produto, no entanto, continua abundante. Segundo o IRGA – Instituto Rio Grandense do arroz, a produção nacional já seria suficiente para abastecer o mercado interno, mas a importação do grão, vindo principalmente do Uruguai e Argentina (com custos de produção menores), fez aumentar a oferta do produto e, consequentemente, provocou a queda do preço.

Batata

O tempo chuvoso no mês de janeiro, no Estado de São Paulo, dificultou a colheita de vários produtos agrícolas. Em Casa Branca, Vargem Grande do Sul e Sumaré houve atraso na colheita da batata.

O excesso de chuvas também está aumentando os custos para os produtores do sul de Minas Gerais. A dificuldade para escoar a safra é grande, dadas as condições precárias das estradas, e as sacas de batata estão sendo retiradas com a ajuda de trator. Muitos produtores procuram rotas alternativas que implicam aumento dos custos de combustíveis, encarecendo o frete e provocando aumento de preços.

Da Assessoria de Imprensa da Fundação Procon-SP

(LRK)