Alckmin participa de missa de Páscoa na Febem Raposo Tavares

Após a cerimônia, os adolescentes internos almoçaram com seus familiares

dom, 31/03/2002 - 14h58 | Do Portal do Governo


A forte agenda educativa somada à participação das famílias são um dos sinais que indicam as grandes mudanças pela qual está passando a Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor). Neste domingo de Páscoa, dia 31, foi celebrada a primeira missa na unidade Raposo Tavares, que teve as presenças do governador Geraldo Alckmin, de sua esposa Maria Lúcia Alckmin, presidente do Fussesp (Fundo Social de Solidariedade), adolescentes internos e seus familiares. A missa, celebrada por Dom Fernando Figueiredo, bispo diocesano de Santo Amaro, e pelo padre Marcelo Rossi, representa o compromisso assumido pelos párocos por ocasião da rebelião ocorrida na Febem Imigrantes, que marcou a desativação do local.

Após a cerimônia houve um almoço de Páscoa entre os menores e seus familiares. O ato se repetiu nas 57 unidades da Febem distribuídas em todo o Estado. Referindo-se ao dia de hoje o governador disse que ‘a Páscoa é renovação e é a principal tradição mantida pela Igreja Católica. É o dia da Ressurreição, de renovar e corrigir nossos erros para melhorar.’ Ele disse que se emocionou com a cerimônia, ao ver os jovens cantando e acompanhando o padre Marcelo.

Alckmin destacou que o programa de descentralização das unidades, aliado à agenda educativa e à aproximação das famílias, tem marcado uma nova fase da instituição. ‘A Febem tem mostrado que é possível reeducar. Tanto é que a reincidência do ato delituoso foi reduzido de 30% para 6%. O número de rebeliões caiu de 52, em 2000, para 2, em 2001, e ainda não ocorreu nenhuma este ano.’

O menor MFN, de 15 anos, participou da missa e gostou muito. Ele está há três meses na unidade Raposo Tavares, por ter praticado assalto à mão armada, e deve permanecer até o mês de julho. Tem desenvolvido atividades artesanais como a fabricação de porta-retratos e tapetes, além de ter a oportunidade de participar de cursos profissionalizantes de
informática, hidroponia e panificação. ‘Não quero voltar para o mundo do crime, pois não compensa’, conclui.

Referindo-se a iniciativas como a de hoje, a presidente da Febem, Maria Luiza Granado, disse que o propósito da missa é mostrar para o adolescente que quando ele deixar a unidade, terá condições de conviver com a sociedade normalmente, pois está sendo recuperado.

Ao final do evento, os internos reivindicaram ao governador a desobrigação de usarem o uniforme da Febem. Alckmin ponderou que, por questão de segurança, é preciso que eles continuem a usar os uniformes.

Desativação da unidade Parelheiros

Sobre a desativação de grandes complexos como o de Parelheiros, Maria Luiza Granado afirmou que está encontrando dificuldades junto às prefeituras de São Paulo e do ABC, para a doação de terrenos. Os terrenos que foram oferecidos na região do ABC estão localizados em áreas de proteção de mananciais. ‘A proposta ainda está de pé. Nós temos dinheiro para construir, porém, as prefeituras não doam os terrenos e, sem isso, não dá para fazer a desativação.’ Ela acrescentou que a desativação da unidade Parelheiros deve ser iniciada no fim do primeiro semestre, com a possibilidade de se diminuir o número de menores da unidade, que irão para as novas unidades que serão inauguradas no bairro do Brás.

A presidente da Febem disse que a instituição vem encontrando a resistência dos prefeitos e da sociedade para implantar novas unidades. ‘Ninguém quer Febem em seu município. Mas a população local quer que o Governo retire o adolescente que está em conflito com a lei’, aponta. Por isso, ela destaca a necessidade dos cidadãos se sensibilizarem com a causa.

Em todo o Estado, a Febem tem 57 unidades de internação, que abrigam 4.800 jovens. O Complexo Raposo Tavares está distribuído em três unidades, com capacidade para 290 jovens. Atualmente, a unidade abriga 272 menores.

Valéria Cintra