Serra lança primeiro ônibus a hidrogênio da América Latina

São Bernardo do Campo, 1º de julho de 2009

qua, 01/07/2009 - 23h00 | Do Portal do Governo

Governador José Serra: Eu queria dar o meu boa tarde a todos e a todas. Cumprimentar o prefeito Luiz Marinho (de São Bernardo do Campo) e cumprimentar o diretor do Departamento de Gás Natural, que representa o Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida, que são nossos parceiros nesse projeto, junto a muitos outros. Os deputados estaduais Orlando Morando, que é o mais bem votado aqui, e a deputada Vanessa Damo. O secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella. Coronel (Julio de) Freitas (Gonçalves), presidente da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos). Eu queria cumprimentar também o (Adler) Kiko (Teixeira), que é o nosso prefeito de Rio Grande da Serra. Queria cumprimentar o cônsul do Canadá, aqui presente; o presidente do Metrô, o José Jorge Fagali; o Sérgio Avelleda, que é presidente da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Queria cumprimentar os secretários municipais, funcionários da EMTU, lideranças comunitárias e os representantes dos parceiros do projeto. São muitos parceiros: a Eletropaulo, a Ballard, a EPRI – Electric Power Research Institute, a Hydrogenics Corporation, Marcopolo, NuCellSys, Petrobrás, Tuttotrasporti, GEF (Global Environment Facility), Finep – Financiadora de Estudos e Projetos, que é do governo federal, o PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, e o Ministério de Minas e Energia.

Bem, é interessante observar que o Brasil é um dos cinco países do mundo que dominam a tecnologia e que tem ônibus agora movido a hidrogênio. Os outros países são Alemanha, Japão, Estados Unidos e China. O Brasil é um dos cinco do mundo. O único, vê-se logo, na América Latina. E um dos dois em todo o mundo em desenvolvimento, ao lado da China. Os outros são países desenvolvidos.

É interessante também mencionar que nós somos o único, entre esses (países), que tem uma tecnologia híbrida para o transporte de ônibus por hidrogênio. Ou seja: tem opção, hidrogênio ou eletricidade. Portanto, temos aqui um caso único. Por que escolhemos aqui este Corredor (Metropolitano) ABD (São Mateus – Jabaquara)? Porque ele é o melhor que tem em São Paulo. Eu tenho, viu Luiz Marinho, um orgulho muito grande com relação a esse corredor, porque quem começou fui eu, no Governo (Franco) Montoro, com a cobertura do Montoro. Na época, era a Secretaria do Planejamento que cuidava deste programa – e nós pusemos uns recursos e começamos o Corredor ABD. É uma coisa que já faz muito tempo. As mulheres aqui todas eram jovenzinhas, crianças. Foi em 1985, imagina. Mas o fato é que este é o melhor corredor de São Paulo e, portanto, do Brasil.

Então, nós escolhemos um lugar assim. E vai ser um teste importante, do ponto de vista operacional, saber como é que opera economicamente. Eu, quando comecei a estudar Economia – tinha estudado antes Engenharia – aprendi muito de cara a diferença entre um problema econômico e um problema de engenharia. Por exemplo, a água (potável) podia toda sair da água do mar. Do ponto de engenharia, tudo resolvido. Só que economicamente é inviável. Com relação ao hidrogênio, coloca-se uma questão dessa natureza: nós temos que examinar a economicidade, a viabilidade econômica do projeto. Claro que vale um grande investimento, inicialmente, porque se trata de uma tecnologia nova e de uma forma nova de transporte. É uma, digamos, é uma tecnologia nascente – e ela tem que ser ajudada, como uma criança, a ganhar força, ganhar vigor e se desenvolver.

Aqui será (realizada) uma grande experiência com esses quatro ônibus, que será testada durante alguns anos. É um transporte, desde logo, o melhor do ponto de vista ambiental. É poluição zero, não causa nenhuma depauperação de recursos naturais, porque é um recurso mais do que abundante. É água. Basta fazer uma separação na molécula da água, entre o hidrogênio e o oxigênio, e o oxigênio é lançado na atmosfera. Portanto, é uma tecnologia do futuro. Eu fico muito feliz de que isso esteja ocorrendo no nosso Governo, que isso esteja ocorrendo num trabalho de parceria. Não queremos dizer que esta é uma obra do Governo de São Paulo isoladamente. Nós apenas coordenamos o projeto – para que isto ocorra na região do ABC, que é a grande região industrial, especialmente na área automotora, e que ocorra numa cidade da importância histórica para a nossa industrialização, como São Bernardo (do Campo).

Portanto, hoje é um dia importante, que nós vamos lembrar no futuro, quando essa tecnologia se desenvolver. Há muito investimento (em energias renováveis) no mundo. Há dois tipos de investimentos importantes na área energética hoje. O primeiro é produzir o etanol a partir da celulose, ou seja, de forma que a matéria-prima seria a mais barata possível de extrair, da celulose da madeira seca, o que abaixaria muito o preço do etanol, embora mantivesse a vantagem comparativa da cana, que sempre estará à frente. O próprio bagaço de cana é mais econômico do que o da madeira e de milho e de outras coisas. E segundo, nas células de hidrogênio. Esse é um grande investimento mundial que está sendo feito. Então, a perspectiva é boa porque a humanidade sempre conseguiu responder a esses desafios de maneira competente, embora, às vezes, mais ou menos demorada. Mas nós estamos aqui com uma experiência que, se Deus quiser, vai poder dar certo no nosso futuro.

Quero dizer também que nós estamos investindo muito aqui na região (do ABC). É difícil fazer um resumo, mas quero chamar a atenção para uma obra que vai mudar a cara aqui da região, vai ter muita influência, especialmente em Mauá e São Bernardo, que é o Rodoanel (Mário Covas). Nós estamos pressionando para ficar pronto logo este Trecho Sul. Ele vai trazer muito desenvolvimento e muito emprego a mais pra cá. E, além disso, implica (em) investimentos locais, também para a adaptação da região ao transporte, à nova modalidade de acesso ao Litoral e vice-versa, especialmente em São Bernardo e principalmente em Mauá.

Mauá, além disso, vai ser beneficiada pela ligação, através da (avenida) Jacu Pêssego, com a Zona Leste de São Paulo. Aliás, o Corredor ABD é (a ligação) São Matheus-Jabaquara cruzando por aqui (pelo ABC). E a Jacu Pêssego vai ligar a Zona Leste – Guarulhos e etc – ao ABC diretamente. E vai fazer as vezes do Trecho Leste do rodoanel, que vai ser licitado mas não vai ficar pronto até o ano que vem. A Jacu Pêssego está andando a pleno vapor.

Em São Bernardo, as intervenções vão ser de 24 milhões de reais, e o Município tem que assinar logo os convênios com o Estado para essas obras. Ainda não foram assinados, é muito importante. Não estou dizendo que a responsabilidade é só do Município não, mas o fato é que precisa ser assinado logo o convênio com a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário), daqui alguns dias. Mas no total da região são 213 milhões investidos – não é diretamente no rodoanel, é nas obras complementares, em Itapecerica da Serra, que não e daqui, Ribeirão Pires, Santo André e Mauá.

Bem, mas não e só isso que nós estamos planejando para cá. Há várias outras coisas relevantes na área do transporte de trilhos, especialmente no que se refere à Linha Turquesa (Estação da Luz – Rio Grande da Serra), em que temos grandes investimentos e, futuramente, o Expresso ABC.

Na área de faculdades e escolas técnicas, há coisas importantes na pauta. Na minha gestão já inauguramos várias aqui (São Bernardo), em São Caetano e em Santo André… ETECs (Escolas Técnicas). No ano que vem vamos inaugurar a FATEC, Faculdade de Tecnologia de Diadema, e uma nova, uma segunda Escola Técnica no Município de Mauá. Essas escolas formam alunos que têm idade de adolescente. É um curso de um ano e meio. De cada 5 formados, 4 conseguem emprego. Então, essa escola é o ensino que vira emprego e, ao mesmo tempo, ajuda no desenvolvimento (econômico do Estado) pela qualificação de mão-de-obra.

Nós estamos vivendo um período difícil de desemprego. Nos Poupatempos – viu, Luiz Marinho, você que foi ministro do Trabalho – nos Pupatempos de São Paulo, em maio deste ano, o número de pedidos de seguro desemprego foi 28% superior a maio do ano passado. Esse é um indicador da complicação que nós estamos enfrentando na área do emprego. E o que é que nós estamos fazendo? Acelerando a formação. A Secretaria (de Estado) do Trabalho inclusive está fazendo cursos para desempregados. Este ano vão ser (atendidos) 40 mil (desempregados), com cursos de 3 meses para aumentar a qualificação, porque a gente sabe que as novas oportunidades de trabalho vão exigir uma preparação maior.

Sem falar do Emprega São Paulo, que é um programa virtual, porque é levado por computador – e que está dando muito certo. O Emprega São Paulo já facilitou o emprego de mais de 100 mil trabalhadores. Sábado tinha 30 mil empregos ofertados, tudo por internet. O desempregado se inscreve num Posto de Atendimento ao Trabalhador, ou por internet, ou num Poupatempo – enfim, encontra mil maneiras de fazer essa inscrição.

Os empregadores também, são mais de 65 mil cadastrados. E aí se dá o encontro. Para vocês terem uma idéia, nós já disparamos uns 115 mil torpedos, porque às vezes o trabalhador não tem computador, mas tem o “Pai de Santo”, que é aquele (telefone celular pré-pago sem carga) que só recebe. E nós já disparamos 115 mil telefonemas chamando a atenção para se apresentarem. Porque uma empresa quando precisa contratar alguém, ela não chama uma pessoa só, chama várias para poder escolher.

Enfim, estamos dando uma importância muito grande para essa questão e fazendo o possível e o impossível para o emprego. Inclusive mantendo um nível de investimentos aqui em São Paulo extremamente elevado.

Não há ninguém no Brasil que esteja investindo tanto quanto, neste momento, o Governo de São Paulo. E isso significa emprego além, naturalmente, de proporcionar mais condições de infraestrutura para o desenvolvimento. São Paulo tem a maior rede de hospitais estaduais e de mais qualidade do Brasil. São Paulo tem a melhor, maior e mais segura rede de estradas. São Paulo tem o maior volume de transportes de trilhos, ainda insuficiente, naturalmente, para as necessidades da Grande São Paulo. E o que nós estamos fazendo é acelerar a expansão disso tudo, com qualidade. A idéia sempre é imprimir uma marca de qualidade. Porque a qualidade melhora o serviço público. A qualidade economiza a médio e longo prazo.

Peço que transmitam também ao prefeito de Mauá (Oswaldo Dias) que nós vamos fazer um AME, um Ambulatório Medico de Especialidades lá. Este AME atende consulta, que é um grande ponto de estrangulamento (na área da Saúde). Por exemplo, uma consulta de ortopedia é uma raridade. Eu até fui investigar por quê. Descobri que tem duas especialidades médicas que faltam dramaticamente: pediatria e ortopedia. Realmente, pediatria não sei se é um problema de salários, ou no caso de ortopedista, mas estão faltando. A gente, com os AMEs, nós organizamos isso. Porque aí, em geral, tem 25, 30 especialidades. São 15 mil, 12 (mil), 20 mil consultas por mês, e mais de cinco mil exames. Com isso, também melhoramos o mercado de trabalho, porque o médico aí ganha bem. (O ambulatório) é feito com parceiros, em geral, que administram. Foi uma experiência bem sucedida de São Paulo.

Nós temos 25 hospitais administrados por parceiros, (hospitais) não-lucrativos: Santa Casa, universidades, hospitais já tradicionais, o próprio (Hospital Israelita Albert) Einsten, o (Hospital) Sírio-Libanês, que já estão entrando nesse tipo de cooperação. Isso tem dado muito certo, tem melhorado muito a qualidade, embora também a gente saiba que na saúde – como o Luiz Marinho deve estar aprendendo na Prefeitura – a demanda é infinita. Melhorou, aumenta a demanda. Está sempre faltando. Você faz…. ah, agora está tudo funcionando… aumenta a procura, porque o déficit estrutural é muito grande, e também porque as pessoas querem viver mais e melhor sempre. Cada vez que no Fantástico aparece uma reportagem sobre alguma nova forma de tratamento, alguma nova tecnologia, algum novo remédio, imediatamente aumenta a demanda sobre o sistema de saúde. Mas, de todo modo, o que nós temos que fazer sempre é com que um dia seja melhor do que o anterior – e que amanhã seja melhor do que hoje.

E, a esse propósito, eu quero dizer aqui – isso inclusive é o motivo do meu atraso – que nós perdemos um grande combatente na área da saúde, que foi o professor (José Aristodemo) Pinotti, que morreu no dia de hoje. É um homem que não fumava, e mesmo assim é um caso raro de não-fumante que teve um câncer no pulmão que acabou tirando-o de nós. Queria aqui fazer esta homenagem ao doutor Pinotti, e dizer que ele vai fazer muita falta na nossa batalha pela saúde.

Bem, eram estas as palavras que eu queria dizer aqui, agradecendo aos nossos parceiros, à acolhida por parte da Prefeitura de São Bernardo. Meus parabéns à EMTU, ao seu presidente e ao Portella, nosso secretário. Com todos e todas eu me congratulo pela experiência que começará agora no mês de julho, que se Deus quiser vai dar certo, em benefício dos usuários (de transportes públicos) desta região, do Estado de São Paulo e do nosso País.

Muito obrigado!