Serra discursa em inauguração do Parque Zilda Arns

Governador José Serra: Eu queria dar o meu boa tarde a todos e a todas. Nós pegamos uma área grande da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São […]

sáb, 16/01/2010 - 16h00 | Do Portal do Governo

Governador José Serra: Eu queria dar o meu boa tarde a todos e a todas. Nós pegamos uma área grande da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), e fizemos aqui o maior parque linear existente em São Paulo e no Brasil. Só vai perder para o parque linear do Tietê, que é bem maior, mas que ainda não está pronto, ainda não está funcionando. É o quarto parque linear do mundo: 7,5 quilômetros (quadrados). Vai pegar da ponta da Mooca até São Mateus. São Mateus que, aliás, é onde está 70% da área do parque, por onde passa.

Eu quero aqui fazer um reconhecimento. Quem primeiro deu essa idéia, há muitos e muitos anos foi a Laura (Kamisaki, líder comunitária), que está aqui. Homenagem a ela. Um grande parque de lazer, um parque também com solo impermeabilizado, que ajuda a combater enchente – por incrível que pareça – porque se a água fica por aqui ela não vai para córrego, ela não vai para o (rio) Tietê. Enfim, ajuda a combater esse fenômeno que está ligado hoje a tantos problemas históricos de São Paulo, como também às mudanças climáticas.

Nós gastamos aqui mais de 20 milhões de reais, e vamos ter muitas atividades ao longo do parque. A administração vai ser conjunta, da Prefeitura e da Sabesp, para sempre. Isto graças à nossa parceria, à parceria que temos tido e que, de fato, viabilizou esse parque, cuja idéia começou a ser materializada em 2005, quando eu assumi a Prefeitura e o (Geraldo) Alckmin era governador. Deu-se na época o sinal verde para começar o projeto do parque, porque não é uma coisa trivial. Parece fácil, mas isso aqui teve que ter todo um projeto, todo um trabalho para planejar direitinho.

Portanto, hoje é um dia de festa, e nós decidimos, ao longo desta semana, já batizar o parque com o nome de uma grande mulher, a Zilda Arns. Uma médica – irmã do Dom Paulo Evaristo, do antigo cardeal de São Paulo (Arcebispo Emérito de São Paulo), Dom Paulo Evaristo, cardeal Arns – que organizou no Brasil a Pastoral da Criança. Essa Pastoral está voltada para as crianças, e teve um papel fundamental para derrubar a mortalidade infantil no Brasil.

Quando eu assumi o Ministério da Saúde, em 1998, nós reforçamos e consagramos essa parceria. Onde a Pastoral atuou – Municípios, localidades, comunidades – a mortalidade infantil caiu pela metade, porque é voltada para a família, para a nutrição, para a higiene, para o acompanhamento do bebê quando se desenvolve, para aumentar o aleitamento materno… Enfim uma série de cuidados e de acompanhamentos que eram fundamentais para fazer cair a mortalidade infantil. Porque a mortalidade infantil não depende só do acompanhamento médico, da mãe, do parto, do pós-natal… Depende da casa, da família – e a Dona Zilda organizou esse trabalho. Centenas de milhares de crianças no nosso País devem sua vida a ela.

Nada mais justo do que dar a ela esta homenagem. E ela morreu no Haiti. O que ela estava fazendo no Haiti, que é o país mais pobre das Américas? Estava em uma igreja, explicando e falando como organizar no Haiti uma Pastoral da Criança. Foi na hora do terremoto. Ela estava conversando com um bispo, quando acabou de falar e caiu a igreja. O bispo estava a dois metros dela, não aconteceu nada. Mas caiu exatamente o telhado da igreja, toda a estrutura em cima dela.

A doutora Zilda morreu, mas ela vai viver sempre. Vai viver sempre no seu exemplo, em todas as crianças que salvou e ajudou a construir a vida – e o trabalho dela, da Pastoral, vai continuar. Naquela época, inclusive, quando eu era ministro da Saúde, eu propus dar a ela o Prêmio Nobel da Paz, pelo trabalho importante que ela fez no Brasil, e começava a fazer no resto do mundo. E naquela época, nós vimos o apoio que houve tanto dentro do nosso País quanto no exterior.

Eu vou ler aqui – para vocês verem como a Dona Zilda pensava – o final da palestra dela nessa igreja onde ela morreu poucos momentos depois. Ela dizia: “Estou convencida de que a solução da maioria dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais, com a eliminação da corrupção, a promoção da justiça social, o acesso à Saúde e à Educação de qualidade, a ajuda mútua financeira e técnica entre as Nações, para a preservação e restauração do meio ambiente, que é o que esta obra parcialmente significa. Para não sucumbir, exige-se uma solidariedade entre as Nações e é a solidariedade e a fraternidade aquilo que o mundo precisa para sobreviver e encontrar o caminho da paz”.

E vejam só que final bonito: “Os resultados do trabalho voluntário, com a mística do amor a Deus e ao próximo, em linha com a nossa Mãe Terra, a todos devem alimentar: nossos irmãos, os frutos e as flores, nossos rios, mares e florestas e animais. Como pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho nas árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, deveríamos cuidar dos nossos filhos como um bem sagrado, promovendo o respeito aos seus direitos e protegê-los”.

Esta era a Dona Zilda Arns!