Inauguração AME Votuporanga

Discurso foi feito nesta nesta sexta-feira, 7, no interior do Estado

sex, 07/12/2007 - 20h36 | Do Portal do Governo

O primeiro AME (Ambulatório Médico de Especialidades) do interior foi inaugurado nesta sexta-feira, 7, em Votuporanga, município do noroeste paulista, pelo governador José Serra. Neste ano, o governo do estado, através da Secretaria da Saúde, já entregou outras duas unidades semelhantes, ambas na capital. Na ocasião, Serra fez o seguinte pronunciamento.

Queria dar o meu boa tarde – praticamente boa noite – a todos e a todas. Já estive aqui, creio que em maio ou junho, anunciando na época a criação e a organização deste AME, Ambulatório Médico de Especialidades. Fico muito feliz hoje de vir inaugurar e de poder visitar. Vai ser o primeiro novo que eu vou visitar no Estado de São Paulo. Tivemos um lá no Santa Marcelina, em São Paulo, mas que já havia. Foi apenas recauchutado. E aqui, realmente será o primeiro do Estado, novo em folha para funcionar.

Vão ser – como disse o Barradas, como disse o prefeito – mais de 15 mil consultas por mês e mais de cinco mil exames. Com isso, nós vamos enfrentar um ponto de estrangulamento crítico da saúde em São Paulo, que é precisamente a consulta.  Aqui vão ter mais de 30 especialidades. A maioria aliás – eu até nem sabia que existia, porque que eu fui ministro da Saúde, mas não sou médico – mas tem algumas aí complicadas. E me deu até vontade de experimentar.

Na região, nós vamos ter seis AMEs. Seis. Vai ter em Rio Preto, vai ter em Catanduva, vai ter em Fernandópolis, Santa Fé do Sul e Jales, além daqui. Portanto, a região vai estar super bem coberta.

Se cada AME tiver 15 mil consultas, vão ser 90 mil por mês, um milhão e oitenta mil por ano. Não é brincadeira. De consultas.

Eu até quando cheguei, dei entrevista e falei 108 mil por ano. Mas não: é um milhão e oitenta mil. Faltou um zero.

Aliás, hoje, qual foi o meu dia? De manhã, eu entreguei os prêmios de uma Jornada de Matemática que os alunos da 4ª série, que nós fizemos da Capital e da Grande São Paulo. E depois, vamos fazer no Interior. Acho que o prefeito já deveria ir organizando aqui essa Jornada, que é para o pessoal aprender a fazer conta. Porque agora que não tem a Secretária da Educação, o time dela para me patrulhar, o fato é que tabuada – se a gente não sabe construir – é melhor memorizar do que não saber. Eu estou insistindo muito com isso e fizemos uma Jornada grande. Foram mais de 80 milhões de exercícios de Matemática na região e hoje entregamos um prêmio, diploma, tudo, para essas crianças.

Depois, fizemos uma solenidade de criação da Arsesp, Agência de Regulamentação de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo, que vai separar fornecimento de serviços de saneamento, energia elétrica e gás da fiscalização, da regulação, do planejamento, separados. São Paulo é o primeiro Estado do Brasil a fazer isso. Antes mesmo do Governo Federal.

Depois fomos a Barretos, onde fomos inaugurar um Fórum novo em Barretos, e em seguida assinar convênios com 138 municípios – inclusive alguns aqui da região – para investir para melhorar os conjuntos habitacionais existentes. Coisa que nunca se fez: melhorar. Está faltando muro de arrimo, está faltando uma pavimentação, um ajardinamento. E fazer também convênios novos para novas habitações.

E agora eu venho aqui inaugurar o AME. Esse é um dia típico do Governo do Estado. Evidentemente, eu sempre digo: se o sujeito quiser ser governador, não fazer nada e trabalhar o dia inteiro, São Paulo é adequado, porque aí é só solenidades, receber gente, inaugurações e coisas assim. E não faz mais nada. Então, por isso é que eu fico acordado à noite, para poder também fazer o trabalho que tem que ser feito.

Agora, como eu disse, então, a região vai estar muito bem atendida nisso. Como está também em outras áreas, que é o caso das estradas vicinais. Não é, Aloysio? Aqui são 670 quilômetros, se eu não me engano: Programa I e Programa II.

Hoje uma repórter me perguntava: – Nós não estamos vendo as máquinas. Ela tem razão. Não dá para ver  670 quilômetros em andamento. Por quê? Porque tem licitação ainda, muitas. Estão em plena concorrência, de forma que a gente tem que fazer andar. Mas já tem o dinheiro, tem os projetos, agora é questão de tocar para frente. É uma região, talvez a melhor atendida do Estado, nessa matéria. Isso significa transporte de mercadorias e de pessoas mais fácil dentro da região.

Há muitas outras demandas nessa matéria, e nós estamos trabalhando. Aliás, juntando recursos para poder tocar os investimentos em São Paulo.

Está se investindo como nunca. Agora, é um Estado de 40 milhões de habitantes, com muitas demandas por todos os lados, e com muita desigualdade também. Regiões prósperas como esta, e regiões pobres como o Vale do Ribeira ou  grandes áreas da Grande São Paulo. E a gente precisa atender a todos, porque a idéia não é nivelar por baixo, mas nivelar por cima. Levar para cima aqueles que estão mais abaixo nos dias de hoje.

Eu queria aqui agradecer aqui a acolhida. Queria agradecer ao prefeito Carlão, porque é um grande parceiro. É uma pena que ele não pode mais se candidatar, mas certamente vocês vão encontrar uma boa solução aqui, não é verdade? Não vou me meter, não vou fazer política, mas tenho certeza de que vão encontrar uma boa saída.

Queria cumprimentar o vice-prefeito Pedro Stefanelli; o vereador Osmair Luís Ferrari, que é presidente da Câmara, e através dele cumprimentar todos os vereadores aqui presentes; o deputado Vaz de Lima, presidente da Assembléia, que é aqui da região.

Eu estava dizendo para ele no avião: eu sou da Mooca, minha família é da Mooca.  Eu vou para qualquer outro lugar e não tenho nada para dizer. Ele vai para qualquer lugar e diz: Não, porque eu sou daqui, porque meu pai e minha mãe se conheceram ali, porque eu tenho cunhado ali, porque minha mãe, porque fui gerado em tal lugar, nasci em tal lugar e aí fica fazendo … 30, 40 municípios atrás. O Aloysio também tem um pouco isso, e eu fico complexado, porque eu não tenho o que falar. É tudo o mesmo lugar, não tem nenhuma novidade nessa matéria.  O Aloysio acabou passando aqui, ele tem um irmão que nasceu aqui, não é isso? Tá aí. E fica fazendo política assim. Como eu não consigo fazer, eu fico com inveja e fico comentando.

Queria cumprimentar o deputado Semeghini, que é um batalhador aqui para a região, um excelente deputado federal. Eu digo sempre para ele: ele tem a cara daquele David Letterman, do GNT. Quem vê aqui o GNT? Ele fica entrevistando… Não é igual? Se tingir o cabelo de branco, vai poder fazer entrevista.

Queria cumprimentar também o provedor atual da Santa Casa, o Luís Bressan, que tem um grande desafio. Nós estamos fazendo aqui, pondo dinheiro, equipamento, anunciando. Então o mérito é nosso. Agora, se der algo errado, de quem vai ser a culpa? Do Bressan, está certo? Tem que cobrar dele agora. Mas é assim. A vida é assim.

Queria cumprimentar também o Juninho Marão, que quando eu vim aqui ainda era o provedor da Santa Casa e queria cumprimentar pelo excelente trabalho que fez para a Santa Casa e para o município.

Queria também saudar os nossos secretários: o Barradas, que se torna cada vez mais popular entre os parlamentares; é um fato raro, um grande acontecimento. Ele não era muito ovacionado pelos nossos parlamentares. O secretário da Justiça, Doutor Luiz Antônio Marrey, grande secretário, e o da Casa Civil que é de vocês aqui, que é o Aloysio Nunes.

Queria também agradecer a presença dos prefeitos de Riolândia, Parisi, Américo de Campos, Três Fronteiras, Santa Albertina, Pontes de Gestal, São João da Iracema, Populina, Álvares Florence, Santa Fé do Sul, Valentim Gentil, Magda, Catanduva, Gastão Vidgal, Bady Bassitt, Cardoso, Cosmorama, Fernandópolis.

Queria cumprimentar também os ex-prefeitos aqui, o Atílio Pozzobon e o Mário Pozzobon, que era prefeito quando eu vim aqui pela primeira vez. Não foi a primeira vez, porque eu já tinha vindo fazer uma palestra, mas que eu vim aqui pela primeira vez com assunto de governo. Se não me engano, para lançar a pedra fundamental do Fórum que era em um terreno inteiramente vazio.  E eu  já sei que demanda para o mesmo Fórum. Você imagina, isso foi em 1983, se eu não me engano. Eu vim quatro anos depois e o Fórum já não dá conta do recado. E queria saudá-los, aos profissionais de saúde e fundamentalmente ao pessoal que vai aqui trabalhar.

Eu acho que na área da saúde tem que ter uma condição especial.

Outro dia, eu soube de uma pessoa que teve a casa assaltada e, portanto atrasou para levar a mãe para fazer uma consulta – uma mãe de 80 anos – no Hospital das Clínicas em São Paulo, na área de reumatologia. Ele atrasou, porque a casa foi assaltada. Atrasou 15 minutos. O médico não quis atender, não quis atender nem no final do período das oito horas.

Eu acho o seguinte: se o sujeito é assim, é melhor não ser médico. Está certo? Porque não dá para trabalhar. Escolhe outra profissão, vai ser economista, estudar economia, engenheiro, estudar engenharia, vai ter outra profissão. Na área da saúde, tem que ter uma atenção especial para com as pessoas, uma dedicação extra. Não só o médico não, enfermeira, auxiliar de enfermagem, secretária, recepcionista, tudo. As pessoas estão fragilizadas quando vão procurar um atendimento de saúde. É uma condição psicológica sempre fragilizada.

Então, tem que ter essa atenção especial. Isso não significa se matar de trabalhar, não significa fazer nada irracional. Mas tem que ter um extra, tem que ter uma dedicação, uma vocação para solidariedade aos outros. E é isso que a gente espera do pessoal aqui da AME, porque isso aqui vai ser muito movimentado. Daqui um ou dois anos, vai ter reclamação de que não vai estar dando conta, porque em saúde a gente vai trazendo e vai ampliando.

Quando eu era criança, eu fui operado de apendicite. Meu pai, meu avô, meus filhos iam fazer uma vaquinha; não tinha SUS para pagar. Não sei se fazer vaquinha ainda é um termo muito antigo. Existe ainda? É porque a gente às vezes não sabe. E não tinha SUS, não tinha Posto de Saúde, não tinha nada. Era outro Brasil. Melhorou? Melhorou espetacularmente. Está satisfatório? Não. É meio insatisfatório, é só pegar qualquer pesquisa e ver isso.

O que a gente pode fazer na saúde sempre é que hoje seja sempre melhor do que ontem, e amanhã seja melhor do que hoje. À perfeição nós não vamos chegar, mas o importante é ir avançando. Depende muito de dar certo a nossa experiência em São Paulo que essas AMEs dêem certo. Esta primeira tem uma obrigação dupla de dar certo e eu estou confiante de que isso vai acontecer, porque o pessoal de Votuporanga é competente.

Muito obrigado.