Governador José Serra discursa na inauguração do trecho Sul do Rodoanel

Governador José Serra: Estamos inaugurando hoje o Rodoanel. O Governo Federal contribuiu para a obra com valores substanciais: 1,2 bilhão de reais. Sem esse dinheiro a gente não teria bala […]

ter, 30/03/2010 - 17h29 | Do Portal do Governo

Governador José Serra: Estamos inaugurando hoje o Rodoanel. O Governo Federal contribuiu para a obra com valores substanciais: 1,2 bilhão de reais. Sem esse dinheiro a gente não teria bala para fazer a obra. A obra toda custou 5 bilhões de reais, e esse 1,2 bilhão de reais representa exatamente 24% do valor da obra, uma contribuição substancial. E, olhe, isso porque nós diminuirmos os preços, nós renegociamos contratos, nós fizemos um preço global, sempre houve aí uma tensão que é natural entre quem contrata e o contratado. E conseguimos sempre condições muito boas do ponto de vista dos preços, dos custos. E eu posso dizer que foi uma obra aprovada, inclusive antes da sua conclusão definitiva, por todos os órgãos de controladoria do Brasil: Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado, Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual – tendo ainda sido objeto de um termo de ajuste de conduta. Portanto, é uma obra que foi feita direito.

Ontem o presidente Lula, no seu discurso, falava da dificuldade para se fazer obras no Brasil, do número de anos que demora. Não basta só ter o dinheiro, a gente sabe disso. Pois aqui foi dada uma demonstração, do nosso Governo, da Secretaria (Estadual) dos Transportes e do Dersa (Desenvolvimento Rodoviário do Estado de São Paulo), de competência para fazer acontecer. O problema que o Lula apontou é real. É real em São Paulo, é real no Brasil – e isso valoriza ainda mais a realização que hoje mostramos à nossa população. Quero dizer também que, só para que se tenha uma idéia, porque esse assunto sempre é muito mencionado, é que aqui foram desmatados 216 hectares, mas a recuperação é de 1.080 hectares, 5 vezes mais – aliás, exatamente 5 vezes mais. (O secretário estadual de Meio Ambiente) Xico Graziano me dava esse número aqui, é 5 a 1. Ia ter que ter proteção especial e mandou hoje a licença ambiental de operação. São 2,5 milhões de árvores nativas aqui plantadas, ou a serem plantadas, 4 novos parques de 1.241 hectares. Desse ponto de vista é uma obra exemplar.

Aqui o grande salto que nós demos foi na desapropriação. Desapropriamos 1.279 imóveis, sendo 91% das desapropriações por via amigável. Isso é que permitiu, inclusive, a rapidez – 1.611 famílias mudaram de lugar e foram atendidas. Grande parte optou por reassentamento em unidades habitacionais da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano), e outra parte preferiu indenização. Um estudo do Banco Mundial sobre praticas e políticas de reassentamento involuntário – em que as pessoas tiveram que sair por causa da obra – considerou como um status de excelência o programa de reassentamento do Rodoanel, para famílias de baixa renda, que ocupavam áreas irregulares. E ele passou, esse nosso programa, hoje, a ser uma referência para o Banco Mundial nos seus financiamentos no mundo inteiro – passou a ser a obra do Rodoanel, no que se refere às transferências.

Na cidade de São Paulo nós vamos economizar 43% do fluxo de caminhões na Marginal Pinheiros. E naquela bendita avenida dos Bandeirantes, para onde qualquer caminhão que venha de Piracicaba, de Limeira, de Campinas, de qualquer lugar… o caminhão vem para ir para Santos tem que passar pela via do Bandeirantes… vai acabar esse suplício, porque agora os caminhões vão diretamente. Isso desafoga a Marginal Pinheiros – e, em 37%, a Avenida dos Bandeirantes. Vejam bem, o beneficio não é só para a cidade de São Paulo.

Agora, o importante é a integração econômica do nosso litoral com o nosso interior – isso é o fundamental – e com o Brasil, porque qualquer caminhão que venha do Paraná, que vai para Santos, é a mesma coisa, entrava na cidade, e agora vai vir direto. A mesma coisa com os que vêm do norte, e para os que vêm do interior. Este é um beneficio incrível para a economia de São Paulo. Santos é a cidade que mais aguarda o Rodoanel no Estado de São Paulo. Esse é um beneficio para todo o interior, para todo o litoral, para toda economia paulista, e é obvio para a economia brasileira. Porque a economia de São Paulo é muito grande – tudo o que acontece de bom aqui ajuda a economia do nosso País. Aqui nós temos 61,4 quilômetros (de extensão), 20 são obras de arte. Obra de arte é uma coisa que os engenheiros, que eu quase fui, inventaram para pontes, viadutos, alças… tudo o que não é estrada eles chamaram de obra de arte. Pois bem, tem 1/3 de obras de arte aqui. Duvido que tenha alguma rodovia no Brasil que tenha 1/3 do seu percurso em obras de arte. E nós vimos essa bela ponte, que atravessamos aqui, que é uma obra-prima da engenharia brasileira.

Mas, enfim, poderia aqui continuar me alongando, dando exemplos dos diferentes aspectos… Por exemplo, a quantidade de terra escavada foi, nada mais nada menos, que 47 milhões de metros cúbicos. Tivemos aqui 2.750 máquinas, entre escavadeiras e moto niveladoras, rolos compactadores, acabadores. Uma pavimentação caprichada, não vou aqui fazer a descrição técnica, até porque seria artificial, eu mesmo não entendo – e tudo de primeira classe. Por que? Porque São Paulo tem que ter rodovia de primeira classe sempre.

Eu quero dizer que a Confederação Nacional dos Transportes fez uma pesquisa… Quais são as 10 melhores estradas brasileiras? As 10 são de São Paulo. Pesquisou como são as rodovias de São Paulo – 75% são consideradas boas ou ótimas, 75% ótimas ou boas. Falta 25%, mas aí é um copo três quartos cheio, porque a gente, em geral, diz meio vazio, meio cheio… é três quartos cheio e mostra o desafio que nós temos pela frente ainda. E mostra também a arte e a competência do (secretário estadual de Economia e Planejamento, Francisco) Luna e do Mauro Ricardo (Costa, secretário estadual da Fazenda), que são os principais responsáveis pela obtenção de recursos para os investimentos deste Rodoanel, do Metrô, da Educação Técnica e Tecnológica, da Educação, da Saúde… Nunca se investiu tanto no nosso Estado, nessas áreas, como no nosso Governo. Não porque nós fôssemos melhores do que os anteriores. Aliás, muito do que nós fizemos é porque o (ex-governador Geraldo) Alckmin deixou a casa arrumada. Se não tivesse deixado, a gente ia ter que passar o tempo inteiro consertando.
Muito do que nós fizemos deveu-se à cooperação da Assembléia Legislativa. A Assembléia foi a nossa parceira. A Assembléia soube trabalhar, mexer, inclusive modificar projetos quando foi o caso, melhorar os projetos. Sempre tem uma certa tensão, mas há muito anos não havia um trabalho tão harmonioso entre a Assembléia Legislativa e o Governo sem que – eu não estou falando isso para contar vantagem – sem que deputados nomeassem diretores empresas, nomeassem secretários do Estado ou adjuntos etc.. Sempre trabalhamos juntos com os deputados. Em que? No atendimento legítimo dos interesses dos seus eleitores, da população de suas regiões. E aqui eu faço o meu reconhecimento explicito ao secretário que comandou a política do Governo, a direção política do Governo, que é o Aloysio Nunes (Ferreira, chefe da Casa Civil). Eu só recebi prefeitos para bater um papo. Reivindicações, eles perceberam logo no começo do Governo que não precisavam falar comigo, bastava falar com o Aloysio e a sua equipe. Com isso, também nós fizemos um Governo em que a gente vai atrás dos prefeitos para que eles cumpram os programas que a gente determina. Isso funcionou realmente.

E, por ultimo, já que eu estou falando de equipe… o nosso Alberto Goldman, que vai ser o próximo governador. O Goldman fez um grande trabalho na Secretaria de Desenvolvimento. Trabalho nas Escolas Técnicas e Tecnológicas, porque foi feita uma revolução no Ensino Técnico e Tecnológico. Fez um grande trabalho na organização da Agência de Desenvolvimento, do Investe São Paulo e do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), que é uma coisa de que se fala pouco. No IPT investia 5 milhões de reais por ano, no Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Chegamos a um patamar de investimentos superior a 100 milhões de reais, tudo investido em progresso tecnológico, nanotecnologia, biotecnologia, materiais leves e tudo o mais. Uma verdadeira revolução, que vai beneficiar São Paulo e o Brasil, porque você sabe que o IPT é um órgão que trabalha para o Brasil. Aliás, o principal parceiro de IPT é a Petrobras, porque o IPT tem a qualidade, inclusive, na área do petróleo. E o Goldman deixou a Secretaria, deu lugar ao nosso Geraldo Alckmin, que trouxe a sua experiência de governador para o trabalho de secretário, materializando tudo aqui que vinha andando – e fazendo coisas novas na área do Ensino Técnico e Tecnológico. Depois, a partir do começo de 2009, o Goldman ficou do meu lado. Eu acho pretensioso dizer braço direito, é apenas para que se entenda, é muito mais do que braço direito, é meu lado direito do cérebro, várias outras coisas, com a vastíssima experiência que tem. Está por dentro de tudo o que acontece no Governo do Estado. De tudo. Participou de todas as decisões, modificando muitas delas. Portanto, é uma pessoa que vai ter toda condição, e quero dizer isso aqui também aos prefeitos, aos deputados: todos os nossos programas vão continuar como programas de primeira classe aqui em São Paulo.

Mas é isso, meus amigos, minhas amigas. E eu vou repetir uma coisa que eu disse já em outras inaugurações. Eu estou na vida pública há muito tempo, desde quando eu fui eleito presidente da União Estadual dos Estudantes, desde que eu fui eleito presidente da UNE no Congresso de Santo André, quando o comando de caça aos comunistas vinha nos atacar com bombas, com terrorismo. Ali começou a minha vida pública, faz muito tempo. Agora, para mim a vida pública, ela se prolongou no exílio, porque eu me preparei sempre, eu estudei para voltar para o Brasil, sempre para voltar para cá e participar da luta pela reconstrução do país. Foi o que eu fiz.

Ingressei no Governo (Franco) Montoro como secretário. A partir daí fui deputado duas vezes. Constituinte, senador, fui ministro do Planejamento e Orçamento, ministro da Saúde – sem saber aplicar até hoje uma injeção – mas fui ministro da Saúde. Fui prefeito da Capital, fui governador de São Paulo, disputei a eleição de 2002 para presidente da República com o Lula, fui para o segundo turno. Enfim, tenho uma vida pública longa. Agora, a minha motivação nunca foi a motivação do prestígio, a motivação de ficar atraindo atenção. Eu tenho personalidade tímida, acreditem nisso, não gosto, às vezes fico incomodado quando fica todo mundo olhando para mim – eu queria às vezes entrar discretamente nos lugares. O ornamento do poder, a bajulação, todas essas coisas, nada disso me atrai. Eu não faria vida pública se fosse em troca dessas coisas. Meu único sentido de vida pública é me dedicar às questões do nosso povo. É fazer acontecer coisas boas para o povo brasileiro. É lutar sempre pela igualdade. Pode ser que a gente não chegue, a igualdade pode estar lá longe, mas o importante é sempre caminhar nessa direção. As nossas obras são todas obras, tenhamos isso claro, populares, porque servem ao trabalhador, servem ao emprego, economizam tempo de transporte, dão melhor saúde, dão melhor treinamento e qualificação para que possam subir na vida, para que tenham oportunidades aberta na vida. Esse é o meu sentido de militância na vida publica.

Quando eu venho aqui, hoje, nesta solenidade tão importante para a economia do nosso Estado, o emprego do nosso Estado, os trabalhadores e trabalhadoras do nosso Estado, é que eu me sinto plenamente preenchido. Se eu tivesse que encerrar a minha vida pública hoje, eu sairia contentíssimo pelo que fiz, e pelo que ajudei a fazer.

Muito obrigado!