Governadores de São Paulo e Rio Grande do Sul se encontram no Palácio Piratini

Porto Alegre, 20 de janeiro de 2019.

dom, 20/01/2019 - 12h11 | Do Portal do Governo

REPORTER: Governador, então, o que foi tratado nessa reunião?

EDUARDO LEITE, GOVERNADOR DO RIO GRANDE DO SUL: Olha, é uma alegria receber aqui, no Palácio Piratini, nosso presidente da Câmara dos Deputados, deputado Rodrigo Maia, nosso amigo, governador de São Paulo João Doria, tratamos de uma agenda que interessa ao povo gaúcho conectado aos interesses de todo o Brasil. Uma agenda para o Brasil que enfrente as reformas mais urgentes, como a reforma da Previdência que é essencial para o que o país retome a confiança, retome a condição de crescimento econômico, ajude no ajuste das contas dos governos municipais, estaduais e do governo federal e, também, pautas diretamente de interesse do governo do estado como Lei Kandir, precatórios, o regime especial de pagamento de precatórios, o regime de recuperação fiscal, que são também pautas que atendem o nosso estado e que estão em debate no Congresso Nacional. Então, a presença do deputado Rodrigo Maia, como presidente da Câmara dos Deputados aqui, ela é super importante para nós, porque o Rio Grande do Sul, nós estamos tomando, em nível local, medidas importantes de saneamento dos problemas fiscais, mas não somos uma ilha, dependemos do que o Brasil vai ter de economia nos próximos anos, dependemos dos debates na Câmara dos Deputados e o deputado Rodrigo Maia tem conduzido muito bem esse processo como presidente da Câmara dos Deputados e, por isso, recebê-lo, tratar de futuro com ele, é algo que nos alegra bastante.

REPORTER: Deputado, se falou bastante a respeito da importância da compreensão da união de esforços entre poderes, né? País em crise, muitos estados em crise, municípios também. Nesse cenário, que papel tem aí, a Câmara dos Deputados para ajudar tanto o país quanto estados em crise como o Rio Grande do Sul?

RODRIGO MAIA, PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS: Eu acredito que as principais agendas estruturantes passam pelo parlamento brasileiro e a gente sabe que o governo federal sozinho vai ter dificuldade de aprová-las, nessas como a reforma da Previdência colocada pelo governador Eduardo. Então, o que eu tenho defendido é que ou o Brasil faz uma grande pactuação do governo federal, dos governadores com o parlamento ou o Brasil vai continuar andando para traz, porque as despesas vão crescendo mais que as receitas dos governos. E cada vez a gente vai ter menos recurso para investimento nas áreas fundamentais: saúde, educação, segurança e até pagar o salário dos servidores. Então, a gente tem coragem de enfrentar essas agendas, discutir as despesas, reformas as despesas; não é contra ninguém, é a favor de todos os brasileiros, porque também não é justo que o servidor ganhe atrasado, mas também não é justo que uma criança não tenha vaga numa creche. Então, nós reformamos o estado brasileiro ou o Brasil vai ficar divorciado, a política da sociedade brasileira.

REPORTER: Qual o modelo de reforma de Previdência que o senhor defende?

RODRIGO MAIA, PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS: Eu defendo aquele que seja pactuado entre o governo federal e os governadores. Não tem reforma melhor ou reforma pior, tem caminhos. A gente sabe que tem um estoque de aposentadorias em pessoas que já tem direito para se aposentar, que é um estoque de um déficit previdenciário crescente. Na média, no governo federal, apenas, 50 bilhões de reais por ano a mais, fora os 300 que já tem do regime geral e do regime público, então, não conheço um regime que seja… que tem o apoio de todos, mas tem que ser aquele que vai unificar a agenda dos governadores com a agenda do governo federal. Os governadores têm interesse na reforma federal, porque lá é que se estrutura o sistema previdenciário de todo país. Então, tem parte que é a demanda dos governadores e parte do serviço público federal e do regime geral. Então, nós temos é que unificar esforços para acabar com essa disputa meio esquizofrênica, que um partido apoia o presidente e vota a favor da presidência lá, e chega na Assembleia Legislativa, porque é oposição, seu deputado vota contra. É por isso que a pactuação é importante, porque na pactuação você vai estar trazendo para o debate todos os partidos políticos, aqueles que pensam mais a esquerda e mais a direita, mas todos que estão governando têm um problema muito grave que se chama sistema previdenciário.

REPORTER: E o senhor acredita na exclusão, como tem se mencionado, a exclusão de militares, a exclusão de magistrados, integrantes do Ministério Público, é para todo mundo, setor privado e público com a mesma idade, qual o modelo, o que é que a sociedade deve esperar? É isso que eu me pergunto.

RODRIGO MAIA, PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS: Eu acho que a sociedade espera mudança desse modelo, onde que o brasileiro que ganha um salário mínimo se aposenta com 65 anos, 70% do regime do déficit… do regime geral, é quem se aposenta com um salário mínimo e que vai até os 65 anos, porque não consegue contribuir os 15 anos. Então, no sistema de repartição, hoje, essa pessoa que ganha um salário mínimo, se aposenta com o salário mínimo, financia o que ganha 30, porque esse se aposenta com 55 anos. Eu acho que essa injustiça previdenciária é o primeiro ponto que a gente tem que acabar, no meu ponto de vista. Então, justiça previdenciária é a primeira questão. É fundamental que a gente consiga garantir a todos os brasileiros os mesmos direitos previdenciários.

EDUARDO LEITE, GOVERNADOR DO RIO GRANDE DO SUL: Quero destacar aqui que essa prudência é própria de quem conduz o parlamento com a sobriedade que deva ser conduzido. Por isso que os posicionamentos do presidente Rodrigo Maia mostram a condição que ele tem de coordenação, de liderança na Câmara dos Deputados, estou muito tranquilo com a sua condução desse processo lá. Quero agradecer a imprensa aqui, que nos acompanha. Nós vamos ter que nos despedir dos nossos visitantes, porque eles têm horário aqui do voo e agradecer a imprensa por ter estado conosco. Muito obrigado.

REPORTER: Obrigada governador.

JOÃO DORIA JUNIOR, GOVERNADOR DE SÃO PAULO: Obrigado pessoal, bom domingo para vocês.

REPORTER: São Paulo não tem os mesmos problemas financeiros do Rio Grande do Sul, como é que essa agenda entre os dois estados pode melhorar?

JOÃO DORIA JUNIOR, GOVERNADOR DE SÃO PAULO: É agenda solidária. Tenho discutido bastante com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o governador Romeu Zema de Minas Gerais, os problemas que vivem esses dois estados, e São Paulo é solidário, portanto, as posições, são posições convergentes. São dois bons governadores que saberão aplicar corretamente modelos de gestão, gestão com controle fiscal, não vão gastar mais daquilo que o seu orçamento permite e vamos encontrar soluções amparadas na Constituição, amparada também num bom entendimento com o governo federal e na redução de custos [ininteligível] expressiva de custeio e no crescimento econômico do país. O Brasil crescendo entram mais investidores, mais investimento significa geração de emprego, geração de renda, geração de impostos também. E a situação econômica dos estados ao longo dos próximos meses tenderá, desde que haja boa gestão, ser melhor.

REPORTER: O senhor está indo para Davos hoje ainda? Vai de carona com o presidente, não?

JOÃO DORIA JUNIOR, GOVERNADOR DE SÃO PAULO: Não, estou indo independentemente disso, eu já havia sido convidado desde setembro, antes mesmo de me eleger como governador, já tinha sido convidado para Davos, onde eu fui conferencista o ano passado, sigo independentemente da comitiva, mas muito alinhado com o presidente Bolsonaro, do ponto de vista do discurso liberal que ele lá fará e do convite que promoverá para que investidores internacionais olhem o Brasil de forma diferente a partir de agora, olhem e invistam, porque o Brasil entra numa fase de liberalismo econômico, de proteção aos pactos jurídicos, também de forte desburocratização e apoio a setores importantes da economia brasileira que podem e devem receber capital privado. Entre eles, eu destaco o agronegócio, o setor de indústria de maneira geral, o segmento de serviços basicamente com tecnologia e o setor de comércio também.

REPORTER: Esses problema envolvendo a família Bolsonaro não podem ser… deixar ele mais a sombra?

JOÃO DORIA JUNIOR, GOVERNADOR DE SÃO PAULO: Eu prefiro não me manifestar sobre isso, porque esses são temas mais de Justiça do que um tema de um governador de estado.

REPORTER: Ok obrigado mais uma vez.

JOÃO DORIA JUNIOR, GOVERNADOR DE SÃO PAULO: Obrigado, imagina