Lá se vão oito anos desde os tempos em que Severina Maria da Silva, 20 anos, reunia os irmãos no quintal de casa para vivenciar um papel que, mesmo de brincadeira – já dava pistas da profissão que iria escolher: professora. Atuando como professora auxiliar do Bolsa Alfabetização na Escola Estadual Ênio Voss, zona sul da Capital, ela comemora a chance proporcionada pelo Programa. “Estou aprendendo muito. É maravilhoso viver uma experiência que, além de muito forte, enriquece meu olhar para atuar como professora no futuro”, explica.
A aluna do segundo ano de Pedagogia da Faculdade Singularidades revela ainda que a ajuda financeira, contrapartida oferecida como recompensa pelo trabalho em sala de aula, veio em boa hora. “Tenho gastos no decorrer do curso. Se eu não tivesse a chance de atuar como professora-auxiliar, talvez não tivesse condições de concluir o curso. É uma ajuda e tanto”, lembra.
Responsável por acolher Severina em seu futuro ambiente de trabalho, a professora titular Tatiana Anselmo Kim, de 28 anos, na profissão desde 96, acredita que toda ajuda é bem vinda. “Penso que o auxílio da segunda professora será bastante significativo para as crianças, principalmente porque muitas têm dificuldades e necessitam de uma atenção maior. E, assim como Severina, outras estudantes poderão ver de perto o dia-a-dia, os obstáculos e desafios em sala de aula”, analisa.
Enquanto aprende, a professora auxiliar vai ajudar, e muito, na prática do ensino. “Enquanto eu passo alguma atividade para os alunos, os que ainda estão em processo de alfabetização precisam de uma atenção maior. Aí entra o trabalho da professora auxiliar – que atende a estes alunos orientada por mim – para que todos consigam realizar e assimilar a atividade proposta”, esclarece.
Acompanhando de perto o processo de acolhimento da estudante de Pedagogia, a coordenadora pedagógica da Ênio Voss, Dineia Millas, também aposta no sucesso do Programa Bolsa Alfabetização. “Todos saem ganhando. No caso da auxiliar, ela tem a prática e toda a atenção da professora titular. Trata-se de um trabalho conjunto, e que precisa transcorrer em perfeita sintonia. Antes nós não tínhamos o aluno de Pedagogia com essa possibilidade de atuar na prática. Agora isso existe”, diz Dineia.
Se depender de Severina, a chance de atuar como professora-auxiliar valerá para toda a vida. “Quando eu estiver sozinha em sala de aula, com meus alunos, vou me lembrar de quando eu fui auxiliar de uma professora formada. Já deu para perceber que é preciso aprender a lidar com a realidade de cada estudante.”