Mais cultura, mais desenvolvimento

As atividades culturais e criativas são vocações do Brasil e constituem um poderoso vetor de desenvolvimento humano, econômico e social

Sérgio Sá Leitão
Secretário de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo

seg, 23/12/2019 - 11h13 | Do Portal do Governo

As atividades culturais e criativas são vocações do Brasil e constituem um poderoso vetor de desenvolvimento humano, econômico e social. Estão no DNA da nossa sociedade e podem contribuir ainda mais para o crescimento do país e a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

O Brasil tem tudo para se tornar uma das grandes potências culturais e criativas do planeta no Século 21. Os ingredientes estão todos presentes. Para isso, é preciso reconhecer e valorizar mais o setor, atualizar os marcos regulatórios, transformar as políticas de governo em políticas de estado e investir com mais eficiência, respeitando a liberdade de expressão e a propriedade intelectual.

É preciso também colocar em curso uma estratégia eficaz de posicionamento global e de atração de investimentos, como evidenciou a recente missão a Los Angeles e São Francisco empreendida pelo Governador de São Paulo, João Doria e o presidente da CNI, Robson Andrade.

Todos os países desenvolvidos apostaram (e apostam) neste setor, inclusive em governos com agenda liberal e conservadora. Reino Unido, Singapura e Coreia do Sul são exemplos significativos.

O contexto atual, aliás, não poderia ser mais favorável. A integração entre arte, criatividade, inovação e tecnologia está transformando aceleradamente o mundo. A quarta revolução industrial e a convergência digital são baseadas em capital intelectual e potencializam exponencialmente a geração de valor e de bem-estar. Empresas de telecomunicações, tecnologia, conteúdo e entretenimento crescem rapidamente e caminham na mesma direção.

A economia criativa já responde por 2,64% do nosso PIB e um milhão de postos de trabalho. Trata-se de um dos 10 maiores setores econômicos do país. Em São Paulo, as atividades culturais e criativas produzem 3,9% do PIB estadual e cerca de 50% do PIB da economia criativa brasileira. Há ainda um vasto potencial de crescimento: 4,6% ao ano nos próximos cinco anos, segundo a consultoria PriceWaterhouseCoopers.

Vários estudos feitos pela FGV mostram que o aumento do investimento em atividades culturais e criativas produz um triplo ganho. Em primeiro lugar, impacta positivamente as pessoas, contribuindo para a melhoria da formação, da autoestima e da qualidade de vida. Em segundo, eleva (e muito) a geração de emprego, renda e inclusão, pois o retorno sobre investimento costuma ser alto. Em terceiro, eleva a arrecadação de impostos e produz mais recursos para outras áreas, como turismo, educação, saúde e segurança.

Um exemplo recente é o Revelando SP 2019, festival de economia criativa realizado em novembro pelo Governo do Estado de São Paulo para valorizar a arte tradicional do interior do estado. Segundo estudo realizado pela FGV Projetos, o evento gerou um impacto econômico de R$ 94,9 milhões em cinco dias, com um custo de realização de apenas R$ 3,5 milhões. Graças à movimentação econômica, o poder público arrecadou R$ 12,3 milhões em impostos; e foram gerados 1.324 empregos. Os 498 expositores tiveram uma receita total de R$ 1,5 milhão.

O investimento em arte, cultura e economia criativa deve ser, portanto, um dos eixos centrais de um projeto sério e responsável de desenvolvimento para o Brasil. Não podemos desperdiçar o talento, a criatividade, a energia, a diversidade e o empreendedorismo que são marcas da nossa sociedade. Sem falar que não há melhor antídoto para um dos maiores problemas brasileiros, o elevado desemprego entre jovens, que chega a 28%.

A aceleração do desenvolvimento do Brasil passa necessariamente pelo fortalecimento das atividades culturais e criativas em todas as regiões. Mais cultura significa mais renda, mais emprego, mais bem-estar, mais felicidade e mais desenvolvimento para todos. Com liberdade e dignidade.

É por isso que o Governo de São Paulo, por determinação do Governador João Doria, está realizando em 2019 um investimento recorde na área, de R$ 1,2 bilhão, além de estimular o setor privado a fazer sua parte. Em São Paulo, cultura é prioridade. Não apenas no discurso, mas sobretudo nas ações. Questão de bom senso. Torço para que os resultados positivos estimulem outros estados. E o país.